Em primeiro lugar, acho que a bibliografia indicada (e outra que
acabei por consultar) ajudou-me a discernir conceitos que, por vezes,
utilizava, via senso comum, como equivalentes, mas que na realidade não o são.
Falo de conceitos como ensino à distância, e-learning, educação online,
etc. Neste contexto, os artigos de Aires (2016) e de Goulão foram importantes
na clarificação de universos que se entrecruzam, mas que são diferentes,
nomeadamente perceber lugar que o e-learning e
a educação aberta online ocupam no contexto dos paradigmas educacionais
emergentes - Quando nos referimos ao ensino em ambientes digitais, ou
mediado por plataformas digitais, o e-learning aparece
como um modelo de ensino/aprendizagem consolidado, assente nos
pressupostos/conceções que Sangrá, Vlachopoulos e Cabrera (2012) definiram
orientadas para a tecnologia; b) para o sistema de acesso; c) para
a comunicação ou d) conceções orientadas para o paradigma educativo.
O conceito de edução
online aberta parece ser mais abrangente incluindo recursos
modalidades de implementação, modelos diferenciados de formação, pressupondo,
no entanto, uma mudança no paradigma educativo, seja na relação
docente/discente, na organização e ritmos do trabalho e no papel que a
tecnologia desempenha que se estrutura para lá da mediação ou de elemento
facilitador da interação professor/aluno. Pensar uma educação aberta implica
reequacionar toda a lógica da aprendizagem, encarar novos papeis e novas
responsabilidades para formadores e formandos, e pensar a tecnologia e os
ambientes virtuais como um componente do processo e não como um mero
coadjuvante.
Da discussão que decorreu na sala de aula virtual, destaco a
reflexão em torno do que são (ou do que se podem vir a tornar) os novos
ambientes de aprendizagem, quer em contextos de educação à distância no sentido
clássico, quer como componentes de modelos pedagógicos de b-learning. E aqui a questão, mais uma
vez, centra-se na necessidade e de repensar toda a relação pedagógica. Não se
trata, como alguns autores salientam, de replicar modelos pedagógicos
presenciais em contextos virtuais. Penso que não basta sublinhar que nos
ambientes de aprendizagem emergentes o processo é fundamental, que o papel dos
professores deve ser o do facilitador das aprendizagens, que o aluno deve ser o
centro da aprendizagem – estas premissas também são verdadeiras num contexto
construtivista da relação e apropriação do conhecimento. Trata-se de repensar
todo o contexto educativo - o papel dos intervenientes, as práticas individuais
e colaborativas, os artefactos facilitadores das aprendizagens, as competências
a desenvolver. Esta é a parte complexa, a alteração das conceções e das
práticas de docentes e discentes com ou sem mediação tecnológica (pois é
possível usar a tecnologia e manter e reproduzir os modelos mais tradicionais
de ensino, numa ilusão de inovação, atualização e modernidade).
Uma noção que me parece inovadora e muito interessante é a da
comunidade de aprendizagem de que Paulo Dias (2013) discute e que me parece
romper com modelos muito assentes em processos de aprendizagem individual
e que podem aproximar de forma mais fluída os processos de aprendizagem formal
com as práticas informais da vivência quotidiana que, dentro e fora do contexto
online, que se assumem cada vez mais conectadas. Talvez esta seja a hora do
paradigma conectivista de que Siemens (2004) nos fala.
Assumindo, desde logo, que o digital está a mudar as nossas vidas,
a forma como atuamos e pensamos e, logo, a forma como aprendemos e ensinamos,
mas também que os espaços formais de educação ainda não refletem esta premissa,
criando um fosso entre as práticas escolares e um quotidiano onde mergulhamos,
com naturalidade, na comunicação e apreensão de informação e conhecimento
através da tecnologia. Por isso, questiono se fará sentido falar do online e do
offline? No Real e do Virtual? Onlife e Blended são conceitos que
parecem fazer cada vez mais sentido, na vida e na educação.
Referências:
AIRES, L. (2016). E-Learning, Educação Online e Educação Aberta:
Contributos para uma reflexão teórica, RIED, 19: 1, 253-269.
DIAS, P. (2013). Inovação pedagógica para a sustentabilidade
da educação aberta e em rede, Educação,
Formação & Tecnologias, 6 (2), 4‐14
GOULÃO, M. F. (2012). Ensinar e Aprender em ambientes online: Alterações e Continuidades
na(s) prática(s) docente(s). In Moreira, J.A. & Monteiro, A. (orgs). Ensinar e Aprender Online com Tecnologias
Educativas (pp.15-30). Porto: Porto Editora
Manifesto onlife. Disponível em < http://www.springer.com/gp/book/9783319040929>
MONTEIRO, A.; MOREIRA, J. A.; LENCASTRE, J. A. (2015). Blended (e)learning na sociedade digital.
Santo Tirso: WhiteBooks.
SIEMENS, G. (2004). Connectivism:
A learning theory for the digital age. 2004. Disponível em <http://www.elearnspace.org/Articles/connectivism.htm>
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